Algumas pessoas têm dificuldades em comunicar ou processar de forma eficiente suas emoções, e podem parecer egoístas e indiferentes. Não se aprofundam nas relações, evitam compromissos, responsabilizam os outros por seus erros e negam conselhos, até os que fazem mais sentido. Mesmo assim, pessoas emocionalmente imaturas formam famílias, arranjam empregos e possuem vida social, como qualquer um. Por esse motivo, pode levar algum tempo para que em uma relação amorosa, ou de trabalho, seja possível identificar que você está lidando com uma pessoa emocionalmente imatura, ou até mesmo, que você perceba que é essa pessoa. Veja esses cinco sinais que costumam estar presentes em pessoas emocionalmente imaturas:
Provavelmente a incapacidade de estar só, refletindo sobre si e sobre a própria vida, é o sinal mais marcante da pessoa emocionalmente imatura. O adulto psicologicamente maduro dá chance a si mesmo para analisar e sentir as próprias emoções, mesmo as mais desagradáveis como a ira, a inveja e a vergonha. Já o imaturo, precisa estar sempre rodeado de pessoas e de estímulos que possam distraí-lo da sua própria realidade, recorrendo constantemente a algo que o impeça de correr o risco de compreender as suas emoções.
O bom humor artificial é outra característica da pessoa emocionalmente imatura, porque ela não consegue aceitar outras formas de humor, para não ter que entrar em contato com suas emoções reais. O indivíduo sempre enxerga que tudo está bom, nunca aparenta contradição, tristeza, insatisfação. A máscara da felicidade é a única opção. Levar a vida com bom humor, quando ele é verdadeiro, é uma grande virtude. Porém, quando esse bom humor é forçado, acaba sendo uma defesa contra a realidade, ou seja: o imaturo simplesmente não tem condições psíquicas de lidar com algo mais complexo, real, que esteja vinculado a raiva, ao sentimento de perda, confusão, com desejos incompreendidos. É sempre melhor não pensar e simplesmente sorrir em qualquer situação.
Assim que uma conversa põe em xeque a integridade emocional da pessoa imatura, ela se retrai totalmente e encerra o assunto, alegando que não quer conversar sobre "essas bobagens". Ela considera que pensar profundamente só resulta em mais problemas, para que complicar, a vida é simples. No olhar desse indivíduo tudo é solucionado com um passeio, comprando algo, ou uma noite no bar. Pode até parecer que a pessoa resolva tudo de maneira simples, com convicção e segurança, mas na prática ele quer apenas fechar os ouvidos e anestesiar a mente, para não ter que reconhecer verdades dolorosas.
Um pequeno número de pessoas pode ter conseguido passar por uma infância sem grandes dificuldades, mas a maioria teve momentos difíceis, e ainda bem que é assim. Claro que uma infância cheia de dificuldades pode deixar traumas difíceis de superar na vida adulta, e isso é muito ruim, mas ter algumas dificuldades e desafios é algo importante no desenvolvimento de uma criança. Nenhuma infância é totalmente feliz, e isso faz parte de um processo importante para tornar-se um adulto com capacidade de observar com clareza, compaixão e inteligencia a infância vivida, tanto nos aspectos bons quanto os ruins. O indivíduo que tenta fugir de sua própria história e não é capaz de falar sobre o seu passado, mesmo com alguém íntimo, está demonstrando que ainda não começou a processar o próprio passado, e talvez só consiga fazer isso com ajuda de um profissional.
Não gostar de prestar contas é mais um sinal de imaturidade emocional, pois o imaturo, não consegue pensar de maneira complexa sobre nada e não tem o hábito da auto-reflexão. Ao invés de assumir que fez algo errado, prefere buscar culpados. Se ele se atrasou, se não terminou o trabalho, se gastou mais do que podia, sempre foi culpa de outra pessoa.
Conhece alguém que apresenta esses sinais?
É importante levar em conta que as pessoas só mudam quando estão abertas a mudança. Se você percebe que existe vontade em mudar, é possível tentar um diálogo de forma gentil e clara, sobre o quanto esse tipo de comportamento está afetando negativamente o vínculo entre você e o outro. Porém, se você nota que não há disponibilidade para um diálogo, resta compreender que a vida é passageira, e que você pode estar perdendo tempo com alguém que não está interessado em viver melhor.
Por Renato Petik - Psicoterapeuta especialista em Psicanálise e Psicologia Transpessoal